As horas canônicas

Lisboa, assim como Salvador, Rio, Ouro Preto e mais, é cheia de igrejas. Eu moro às costas da Igreja de São Francisco de Paula. Perto daqui, nas traseiras do meu prédio, um pouco mais acima, há outra igreja, a de Santo André, sempre fechada. … Leia mais As horas canônicas

Felipe

Hoje, no dia em que escrevo, 15 de setembro, meu velho pai faria 118 anos. Hoje, venturoso dia, nasceu o Felipe, bisneto dele, meu sobrinho-neto. Não é o primeiro. É aquele que, se depender do empenho dos pais, virá viver para cá, em Lisboa, ao pé de nós. Passei o dia de ontem, de hoje e sei que muitos amanhãs também, querendo estar em São Paulo, como, há quase 40 anos, corri quilômetros, em Juiz de Fora, para ser o primeiro a ver a mãe dele, quando ela nasceu. Na caminhada que fiz hoje, não corri, vagueei pela margem do Tejo, sem pensar em nada senão no dia em que for ele, Felipe, um desses miúdos que vejo por aqui, numa adorável bata, andando de bicicleta, subindo e descendo o rio num caixote à vela, brincando de pegar onda nas águas geladas do Atlântico Norte, sob a luz de Lisboa. Para ele, tirei uma foto do rio e da ponte no ocaso do dia em que ele nasceu. Acho que o Felipe será feliz em Lisboa.… Leia mais Felipe

Família Mineira

Conheço pouco o passado do meu pai. Guardo certas histórias. Histórias misturadas, pedaços de fatos, datas e nomes, quebra-cabeça inconcluso, peças perdidas na memória; mais que lembranças, sombras, sobras de conversas que não é certo se tivemos e contos de segunda mão, casos que dele ouviram e contaram-me depois. Alvarenga, Bonaparte, Portocarrero, e tem mais, Drummond, Procópio e Bretas, são tantos sobrenomes; haverá outros?… Leia mais Família Mineira

Os bons meninos

Dos 32, 33, aos 41, trabalhei muito próximo de homens mais velhos, colegas entre quinze e vinte e tal anos mais que eu. Eles me tratavam como o caçula do grupo e gostavam de me prevenir sobre o futuro. Zombavam de si mesmos, reclamavam dos inconvenientes da idade madura. Contavam sobre as desilusões com o corpo, os desencontros com as mulheres, a descoberta da maturidade com suas frustrações e inseguranças. … Leia mais Os bons meninos

Portugal surpreende

Por cá, aos poucos, vamos deixando o confinamento. Os hotéis estão bem preparados para receber os hóspedes com bastante segurança. Fomos ver — nessa hora é importante apoiar o turismo. A escassez de estrangeiros, a abundância de ofertas, a comemoração do meu aniversário, tudo convergia para a viagem. O Minho não conhecíamos; só Guimarães. Viajamos. Uma semana inteira de andanças.… Leia mais Portugal surpreende

Santos e Sardinhas

Por precaução, as autoridades cancelaram os Santos Populares deste ano. Resignados ao vírus, Santo Antônio, São João e São Pedro aceitaram. A festas juninas foram adiadas para 2021. Pena imensa. Para mim, menos pelas marchas populares, os altares do santo citadino, muito menos pela multidão nos arraiais e bailaricos, mais pelas sardinhas espalhadas por toda a cidade, em tantos largos e praças e ruas, muito mais pelo cheiro que eu adoro, talvez, porque me remete à… Lisboa. Quanta nostalgia. … Leia mais Santos e Sardinhas

A nova normalidade

O futuro da humanidade será como nós quisermos que seja. Agora, desde já, que tipo de novo normal nós estamos criando nas nossas relações em casa, com os mais próximos, com o nosso bairro, a nossa cidade, o nosso país e o nosso planeta terra? Sonhamos com mais solidariedade ou mais isolamento? Buscamos maior cooperação ou preferimos construir muros e aumentar os controles? Quem nos representará neste mundo em transformação, interconectado e interdependente? Vamos confiar nosso futuro a líderes aglutinadores, transigentes e solidários ou vamos apostar em líderes cada vez mais de autoritários, homens e mulheres fortes, capazes de impor a todos as próprias crenças?… Leia mais A nova normalidade

Volto às sacadas

Nesta semana, o governo abrandou as medidas de confinamento. É assim um pouco por toda a Europa. Em Portugal, desde segunda- feira, suspenso o Estado de Emergência. A flexibilização da quarentena (e observe que o termo é “flexibilização” e não “encerramento”) só foi possível porque, depois de sessenta dias com aproximadamente 70% da população guardada em casa, o número de contágio desmoronou. … Leia mais Volto às sacadas