Caldeirada de peixe

Comendo essa minha caldeirada neste dia quente e claro, vejo-me à imagem do tio, a satisfação com que ele comia, e bebia, e suava por tanta malagueta que punha no prato. Revivo a admiração que eu sentia, que todos nós sentíamos, por aquele homem tão diferente do nosso pai, por quem também sentíamos afeição: o tio, aventureiro, apaixonado, provocador, insolente, popular, potente, inflamado; o pai, pacífico, comedido, indiferente, jocoso, cortês e fisicamente frágil. Eram muito diferentes.… Leia mais Caldeirada de peixe

Os bons meninos

Dos 32, 33, aos 41, trabalhei muito próximo de homens mais velhos, colegas entre quinze e vinte e tal anos mais que eu. Eles me tratavam como o caçula do grupo e gostavam de me prevenir sobre o futuro. Zombavam de si mesmos, reclamavam dos inconvenientes da idade madura. Contavam sobre as desilusões com o corpo, os desencontros com as mulheres, a descoberta da maturidade com suas frustrações e inseguranças. … Leia mais Os bons meninos

Atotô, Obaluaiê!

Ainda menino, os meus colegas, sobretudo na escola, espantavam-se quando eu contava que não era batizado. A religião dos meus pais nunca foi assunto, nem eu me lembro de ter sido estigmatizado por isso. Hoje, quando a fúria obscurantista cai sobre as minorias religiosas, me solidarizo primeiro ao sofrimento das crianças, vítimas inocentes do proselitismo de fanáticos sem compaixão. … Leia mais Atotô, Obaluaiê!