Sansara

Chiang Mai é cortada pelo Rio Ping e por canais que circundam a cidade antiga. É plana. Para além dos templos, restam poucos vestígios dos prédios históricos. Ainda assim há um encanto que vai se revelando aos poucos. A grande universidade atrai estudantes, e o turismo os trabalhadores. São mais de um milhão de habitantes na área metropolitana. O trânsito é tão civilizado quanto o de São Paulo e, ainda que as motos estejam estacionadas sobre a calçada, há espaço para os pedestres. Quase não se ouve buzinas. Prédios altos são poucos, acho que dá para contar nos dedos das mãos. Por isso tão grande e espalhada.

Fundada no Séc. XIII, Chiang Mai tem a maior concentração de templos da Tailândia, li que são mais de 300. Acredito, são muitos. Às vezes numa mesma quadra dois ou três templos praticamente encostados uns aos outros.

A oeste uma montanha coberta por floresta interrompe o avanço da cidade. Guardado na mata, a meio caminho do topo, o Doi Suthep, um templo cuja construção remonta o Séc. XIV; é cheio de turistas todos os dias e mais os locais aos domingos.

A Ieda e eu estivemos com um monge no Umong, outro templo guardado na mata. Foi um encontro fortuito, extraordinário, em que ele nos falou do Samsara, do estado de consciência e passou dicas simples para estar alerta no dia a dia. Extraordinário também foi como esse encontro nos emocionou. Ainda preciso pensar a respeito. Se eu entender talvez possa compartilhar aqui com você.

Antes de vir, li sobre os templos e suas estupas, algumas tão antigas quanto a cidade, as conversas com os monges, os retiros espirituais, as meditações, li sobre a gastronomia de influência Lanna, os cursos de culinária, os passeios ao ar livre, o raffiting, o trekking, o arvorismo, as reservas de elefantes e as visitas às tribos do norte; incluindo aquela das mulheres girafas. Ninguém falou da cena musical.

Em Chiang Mai há palcos em vários pontos da cidade, clubes e bares muito simples com shows ao vivo. Um pessoal inspirado faz música de primeira: rock, blues, jazz. Parece que tocam por prazer, para mostrar do que são capazes. É comum ver a mesma banda em mais de uma casa. Apresentam com energia e disposição para envolver a audiência nem sempre muito atenta.

Também me surpreendeu, tanto em Bangkok quanto aqui, a naturalidade das relações homoafetivas. Meninos e meninas, jovens e nem tão jovem assim, nos restaurantes caros, nos baratos, nos muitos cafés, nas ruas, em toda a parte, de mãos dadas ou simplesmente num encontro romântico, sem que ninguém lhes preste atenção por isso.

Bendita cidade.

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